COLUNA DO JORNALISTA TÚLIO LEMOS

O principal discurso do deputado Henrique Alves para formar um superpalanque em torno de sua candidatura ao Governo do Estado é sua influência em Brasília. Quanto a isso, o candidato do PMDB fala a verdade. Porém, há uma questão cronológica que faz toda a diferença.
INFLUÊNCIA
Hoje, Henrique é o político mais forte, mais influente e mais importante do RN na política nacional. Sua força é indiscutível. A origem dessa influência é o cargo que o filho de Aluízio ocupa na República: Presidente da Câmara dos Deputados, terceiro homem na linha sucessória nacional.
PODER
Quando quer algo em Brasília, em outros poderes, Henrique Alves tem prioridade no atendimento e força no pedido. No Executivo ele manda. Afinal, qual o ministro ou presidente de algum órgão federal que quer ter o presidente da Câmara como inimigo? Quem arrisca ser convocado para depor em uma CPI? A experiência que acumulou ao longo de mais de 40 anos no Congresso, fizeram Henrique assimilar como funciona o poder por dentro.
ARTICULAÇÃO
Durante quase dois anos em que esteve como presidente da Câmara, Henrique soube usar sua força e seu poder. Bem menos do que alardeia, mas muito mais do que qualquer outro político potiguar chegou perto. Bem articulado e mais experiente, sepultou ranços do passado e não discriminou nenhum prefeito do RN, independente da cor partidária. Isso minimizou seu desgaste junto às lideranças.
DISCURSO
A experiência também provocou a mudança no discurso de Henrique. Assumia a paternidade de todas as realizações do Governo Federal no RN, mas não discriminava outras lideranças. Pelo contrário. Atraia contrários ao palanque que chamava de seu. Ninguém o contestava ou tinha coragem de contrariar suas opiniões e discursos. Sua imagem de homem forte no Planalto cresceu, se fortaleceu e se consolidou.
PALANQUE
Como o crescimento de seu nome junto à classe política foi fruto desse trabalho de articulação em Brasília, Henrique Alves acredita que o discurso a ser proferido em palanque para o eleitorado, deve ser o mesmo. Até porque, o da mudança, dito por um veterano, é de credibilidade duvidosa. O da força em Brasília tem mais amparo nos fatos e pode ser acreditado.
FUTURO
A questão do discurso da força em Brasília é a data e a mudança de cargo. Hoje, Henrique Alves é o presidente da Câmara dos Deputados. Hoje, ele manda. Amanhã, sendo eleito governador do RN, ele será governador de um Estado inexpressivo nacionalmente, igual aos demais. Como os outros, ele vai pedir. Essa é a grande diferença que destrói o discurso da força futura em Brasília.
SITUAÇÃO
Henrique afirma que o Estado mudará por sua força em Brasília. Se a afirmação fosse verdadeira, os Estados governados pelo PMDB, que detém o comando da Câmara e do Senado, estariam sendo exemplos de gestão e de crescimento. Não é isso que acontece. A crise financeira, associada à falta de criatividade de gestão, atinge a praticamente todos os Estado, incluindo os que são administrados pelo PMDB.
IGUALDADE
Portanto, caso seja eleito governador do RN, Henrique Alves, já sem a força de ser presidente da Câmara, será governador de um Estado pequeno, pobre e inexpressivo nacionalmente. Estará em situação de igualdade com os demais colegas do Nordeste e terá que fazer a mesma peregrinação brasiliense que todos os governadores fazem em busca de recursos. Sai da condição de mando, para a de pedinte.
PREJUÍZO
Henrique Alves, que usou sua força de presidente da Câmara para ajudar o RN, provocará um grande prejuízo ao Estado deixando o cargo. Afinal, ele teria condições de conquistar um novo mandato como presidente, por seu poder de articulação e sua força partidária.
VERDADE
Dificilmente seus adversários terão coragem de dizer que Henrique provocou prejuízo ao RN por ter trocado a força de um poder em Brasília, pelo poder da força no RN. Deixa de lutar pelo coletivo para satisfazer um capricho de vaidade pessoal. Seus adversários não dirão isso porque precisam ser verdadeiros e assumir o bem que Henrique fez ao Estado como presidente da Câmara. E político não elogia adversário.
DEFEITO
Frase dita nos comícios antigos: “Se for meu amigo, não tem defeito; se tiver, eu tiro. Inimigo meu, quando não tem defeito, eu boto”. Ou seja: os políticos do RN usam e abusam desse ditado antigo, mais atual que nunca. Porém, se alguém tiver coragem de admitir virtudes dos adversários para justificar sua verdade, será visto de outra forma pelo eleitorado.

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