COLUNA DO JORNALISTA TÚLIO LEMOS (11 DE AGOSTO)

A resposta do procurador eleitoral Gilberto Barroso, sobre corrupção eleitoral e dificuldades de fiscalização, foi perfeita e retrata fielmente a realidade. “Os mais graves ilícitos eleitorais são praticados entre quatro paredes. As testemunhas são os próprios autores ou beneficiados. A compra do voto é o maior exemplo disso”, disse o representante do MP na eleição.
BENEFÍCIO
A compra do apoio político, em que determinado candidato acerta o valor a ser repassado para seu futuro aliado; assim como a compra do voto diretamente ao eleitor, são duas situações difíceis de flagrante. Afinal, quem repassa o dinheiro será beneficiado pelo ‘trabalho’ de quem recebeu, que sente-se beneficiado pelo recurso inesperado. Ou seja: somente com denúncia de um político ou de algum eleitor mais consciente, haverá a confirmação da compra do voto ou do apoio.
SIGILO
O segredo da operação no processo eleitoral funciona quase como uma máfia, em que os envolvidos juram sigilo absoluto. Somente com o descumprimento do acerto ou a insatisfação de um deles, será possível comprovar a fraude eleitoral mediante o uso do poder econômico.
CONSCIÊNCIA
O pior nessa história é o próprio eleitor, que não tem consciência de seu papel transformador, de seu peso igualitário numa eleição, em que o voto do rico não pode ser contabilizado como dois; tem o mesmo peso do voto do miserável; na matemática eleitoral, um é um, seja de que origem tenha saído. Com um detalhe: o voto do pobre é maioria, mas a ignorância o impede de ver a grandeza de sua importância no processo.
CIDADANIA
Quando o eleitor vende seu voto, transforma-se em mercadoria, sepultando a própria cidadania. Dessa forma, não contribui em nada para mudar sua própria realidade e vai continuar a reclamar dos políticos que ele mesmo elegeu. A conscientização política da população pode até parecer utopia, mas somente com ela a sociedade poderá ser diferente.
BASTIDORES
A coluna recebeu e-mail do leitor Raimundo Nonato: “Caro Jornalista Tulio, sou muito crítico de leitura, sobretudo, daquilo que escrevem os colunistas dos periódicos locais. Sem sombra de dúvidas, sua coluna é a que me desperta mais interesse para o ato de ler, pois reflete um noticiário atualizado, bem escrito e independente, principalmente quando disseca e clarifica, numa linguagem muito bem concisa, os bastidores dos políticos e dessa política partidária oligárquica, patrimonialista e corrupta do Rio Grande do Norte”.
MUDANÇA
Todo candidato fala em mudança para agradar aos ouvidos do eleitorado. Porém, a campanha de Henrique e Wilma falar em ‘caravana da mudança’ é forçar demais a inteligência do eleitor. Afinal, a chapa conta com o apoio de 7 ex-governadores e o candidato a governador apoiou o atual Governo até o início deste ano. Ou seja: a caravana pode ser de tudo, menos de mudança.
MULTIDÃO
A chapa de Henrique e Wilma é a que tem conseguido reunir multidão nas primeiras mobilizações da campanha. A força das lideranças tem feito o papel de ‘arrastar’ o povo para os comícios. Pelas fotos, as claques remuneradas ainda são maioria. Se o ‘povo’ realmente vai se envolver na campanha, somente o tempo dirá.
BAIXARIA
O candidato do PMDB, Henrique Alves, faz questão de dizer que eleição não é guerra, mas deu demonstração de que, se for alvo dos adversários, não vai deixar ataques sem resposta. Pela entrevista concedida ao Jornal Verdade, da Rede TVRN, transcrita neste final de semana no JH, deu para notar que o filho de Aluízio está ‘armado’ para o combate. Disse até que pode entrar em ‘debate de baixaria’. A campanha promete.
PRESSÃO
Sherloquinho avisa que servidores da Prefeitura de São Gonçalo do Amarante estão sendo pressionados para votar e apoiar a candidatura da mulher do prefeito, Zenaide Maia. Diz ainda que até servidores efetivos estão sendo pressionados a apresentar informações do título de eleitor, para conferência se o voto vai sair na urna eletrônica. Será?

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