DECLARAÇÃO DE JOSÉ AGRIPINO CAUSA CONFUSÃO

Ansioso por resultados eleitorais positivos, o senador José Agripino Maia (PSB), coordenador da campanha de Aécio Neves (PSDB), admitiu ontem (1) apoiar Marina Silva no segundo turno contra Dilma Rousseff (PT).
Segundo Agripino, o apoio será para Marina, pois "é tudo contra um mal maior, que  é o PT" - disse em entrevista ao Broadcast Político, serviço da Agência Estado de notícias em tempo real.
O senador do DEM afirmou ainda que, em eventual governo de Marina, participar da base de apoio do PSB seria um caminho "natural".
Ao pé da letra, a declaração de Agripino foi assim: "O PSDB e o DEM são oposição fundamentalmente ao PT e, se Marina ganhar derrotando o PT, os petistas estarão automaticamente remetidos à oposição. Então, se isso vier a acontecer (vitória de Marina), o caminho natural seria esse".
A confusão foi imediata. Para muita gente, o coordenador da campanha tucana estava jogando a toalha, e já se posicionava como integrante de uma eventual base de apoio a Marina no Congresso Nacional.
Assombrado com a repercussão e pressionado pelos aliados tucanos, Agripino emitiu nota reafirmando o esforço da coligação para levar Aécio ao segundo turno.
Aos jornalistas, José Agripino disse que declarou o óbvio, que não disse nada demais.
Não é bem assim. No mínimo, o senador potiguar colocou o carro na frente dos bois, afinal, o PSDB tenta reagir ao furacão Marina e garantir vaga no segundo turno da eleição presidencial.
As declarações de Agripino soaram precipitadas e reveladoras do desânimo que já se instala no seio da campanha tucana.
Agripino estava mais preocupado ontem em garantir vaga na base de apoio de um eventual governo da Marina Silva. Ele passou a impressão que estava querendo marcar terreno. Quem é coxo parte na frente, diz o dito popular.
Eu escrevi ontem que José Agripino não tem dado sorte nas últimas campanhas eleitorais.
Em 2008, ele foi o grande padrinho de Micarla de Sousa na corrida pela Prefeitura de Natal. Resultado: a borboleta foi o maior fiasco administrativo da capital, superando o desgaste do ex-prefeito Aldo Tinôco.
Em 2010, a aposta de Agripino para o governo foi Rosalba Ciarlini, aliada histórica e prata da casa no Democratas. Outro fiasco político e administrativo. O mínimo que José diz hoje de Rosalba é que ela deu as costas para o partido.
Agora, nas eleições de 2014, Agripino aposta ou apostava em Aécio Neves (PSDB), do qual é coordenador na campanha presidencial. Depois do furacão Marina, o "avião" da candidatura do tucano embicou de vez, e poucos agripinistas acreditam que Aécio tenha qualquer chance de disputar o segundo turno contra Dilma.
No caso do apoio a Henrique Alves (PMDB), o peso do presidente do DEM não conta muito porque ele é apenas mais um entre os aliados tradicionais da política potiguar, desempenhando um papel de coadjuvante.
Ou seja, Agripino Maia deu, mais uma vez, com os burros n'água. 
Para um agripinista de longa data, o Democratas, presidido por José Agripino, tem duas opções após o pleito deste ano: a fusão com alguma das legendas de centro - PMDB e PSDB - ou a extinção. Quem viver, verá.
Pelo visto, José Agripino está louco para "marinar" também. O senador só não quer passar mais quatros anos longe do Palácio do Planalto. Na era PT, ele viveu à míngua. 

FONTE: DIÓGENES DANTAS

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