A HISTÓRIA DE RAUL CAPITÃO - PARTE II

Cícero Lajes (historiador) - Amante que sou da historiografia local, há algum tempo pesquiso sobre pessoas, lendas, histórias, etc, para escrever causos locais. Ano passado, o estudante Ermenegildo Neto, achou uma edição da Revista Bzzz que muito me interessou, ela dedicou 8 páginas ao Lendário Raul Capitão. Eu dividi a matéria em 5 postagens, segue a segunda.
 
 Escrito por Alice Lima - Fonte: Revista Bzzz, Março de 2014, ano 2, nº 9.
 Edição secundária independente para a Internet: Blog Cícero Lajes

A compra da Bonfim foi um golpe de sorte e fé no destino. Quando comprou a terra, Capitão, homem de grande segurança em seus atos e tino certo, acreditava nos rumores de que no local existia minério. Em uma de suas buscas - para muitos em vão - encontrou uma pedra diferente, no ano de 1967. 
O homem do campo não pensou duas vezes. Desviou o dinheiro da feira da família e foi para Natal saber se existia algum valor na descoberta. Daí em diante, a ascensão financeira se deu na velocidade da luz.

A pedra era a scheelita, minério que dá liga ao ferro. Foi bem na época de descobertas de minérios nas cidades de Lajes e Currais Novos. Novos ricos surgiram, mas, segundo contam, nenhum ficou tão famoso quanto o ex agricultor. Dizem que a média era de 45 toneladas do minério por semana que saíam de Lajes.
Ele passou a vender o minério para Alonso Bezerra, que era exportador. Ninguém da família consegue precisar quanto dinheiro Raul ganhou, uma fortuna incontável. Comprou muitas terras - todas potiguares -, construiu casas e cometeu diversas extravagâncias, sem limites de gastos. Para os filhos que quiseram estudar, patrocinou boas escolas e moradia na capital. Três meninas foram internas da Escola Doméstica e uma delas chegou a se formar em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e hoje é professora no Pará.

"Meu pai comprou tanta terra que era possível andar de Lajes a São Tomé passando apenas por propriedades dele, mas a relação com a família nunca mudou", lembrou Maria de Fátima. A filha lembra, no entanto, que mantiveram os mesmos hábitos simples de outrora, continuaram no mesmo lar da Bonfim e com a casa no centro da cidade.
 
Embora com o bolso cheio, o jeito de se vestir e de se comportar conservou todas as marcas do passado pobre. Sempre andou com chapéu e um conjunto de calça e camisa de botão. O traje só mudava na hora do banho de açude,  quando vestia uma bermuda e calçava os tênis "Conga". Raul também continuou como um homem de poucas palavras e só se soltava quando bebia.

As casas construídas em Lajes são famosas pela resistência e pelo tamanho. Construídas para a eternidade. Chegou a ser residência de prefeito do município e até hoje são pontos de destaque na cidade.
 Casa onde morou Raúl Capitão em Lajes RN
A exploração da scheelita era feita em conjunto. Quem se interessasse pelo trabalho recebia uma banqueta e depois prestava contas. A hora do pagamento era um grande acontecimento. Chegavam sacas de dinheiro, que era distribuído na fazenda Bonfim, aos olhos de todos. Nada ficava para depois, tudo era pago imediatamente pela família. O sobrinho chamado Jalmar Pereira ajudava na contabilidade. A ida de uma agência do Bandern para a cidade teve ligação direta com Capitão. Tanto dinheiro brotava do município que ele merecia um banco. E assim fez.
 
A fortuna gerada pela scheelita no RN atraiu a revista Realidade, de circulação nacional na década de 60. Raul foi o grande personagem da matéria e, com a sua personalidade forte, esclareceu até os "mandamentos do garimpo".
 

FONTE: BLOG DE CÍCERO DE LAJES

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