AMÉRICA-RN 100 ANOS..

Reportagem especial do globo esporte rn:
O amor por um clube de futebol é algo intrínseco na vida dos brasileiros. Para os mais fanáticos, esse sentimento é tratado quase como uma religião. E o que seria desse sentimento sem que o mesmo fosse demonstrado? Muitos são os que vão ao estádio gritar e apoiar a equipe, outros fazem coleções de camisas e produtos do clube. Mas existem aqueles que de tão apaixonados escolhem demonstrar este sentimento de uma forma única e eterna. O comerciário Avacuy Lima, 33 anos, é um destes. Ele tatuou o escudo do América-RN no peito há três anos e explica como tudo aconteceu. Mas tem explicação para tanta paixão?
- Eu sempre gostei de tatuagem, e como o tatuador é americano, em uma conversa informal no estádio, rolou a ideia e ele falou que eu poderia passar no estúdio dele para fazer a tatuagem. 'Vamos botar o amor na pele', ele disse, e eu aceitei e fiz - contou Avacuy.
América-RN 100 anos - tatuagens (Foto: Divulgação)Ruy Pinheiro perdeu as contas de quantas tatuagens relacionadas ao América-RN já fez (Foto: Divulgação)
 Jailton Carlos, estudante de 24 anos, também teve a ideia de demonstrar seu amor ao Alvirrubro através da tinta vermelha. Segundo ele, em um grupo de cerca de 15 amigos, do qual ele faz parte, todos já tinham suas tatuagens em homenagem ao Mecão e ele não quis ficar de fora.

- Eu queria eternizar esse amor, levar ele comigo para a vida inteira. Uma das poucas coisas que eu sei que eu vou carregar comigo para sempre é a minha família e o América. Eu queria expressar esse amor de uma forma que eternizasse e chamasse atenção. Em um grupo de amigos, todos têm tatuagem, e eles me disseram para inovar - declarou Jailton, que tatuou a palavra América em letras garrafais no peito (penúltima imagem da montagem acima).

Sabendo da paixão que eu tenho pelo meu clube e da rivalidade que existe entre os dois, seria muito desconfortável para mim e para o cliente também. Então, para que fique algo neutro, o estúdio tem uma outra pessoa que faz as tatuagens do ABC" 
Ruy Pinheiro, tatuador e torcedor do América-RN
Jailton explica que o fato de ter feito uma tatuagem em homenagem ao clube do coração abriu seus olhos para a questão do preconceito que cerca esse assunto, principalmente relacionado ao futebol. Segundo ele, ao verem sua tatuagem, muitas pessoas o julgam como "um delinquente, uma pessoa que não está nem aí pra vida", quando na verdade o que ele quis foi expressar o amor que ele sente pelo clube. 

Além disso, questionados sobre a recepção dos familiares ao fato, Avacuy declara que "sempre rola de ser chamado de louco, mas amor é amor, não se explica". Jailton vai além. Ele conta que frequentemente ouve o mesmo discurso, mas explica o motivo.

- Todo mundo até hoje me chama de louco, meus pais, familiares, alguns amigos, todo mundo que vê se assusta, porque a tatuagem é no peito. Eles se preocupam inclusive pela violência, que hoje tem muito, e acabam associando com torcida organizada e ficam receosos, mas graças a Deus até hoje nada aconteceu - disse.

O ARTISTA

Além do amor pelo América eternizado na pele, as tatuagens de Avacuy e Jailton têm uma coisa em comum: foram feitas pelo mesmo tatuador. Ruy Pinheiro, 34 anos, começou a tatuar por hobby há 12 anos. Como notou que a atividade era rentável e visando um estilo de vida mais agradável, ele resolveu se profissionalizar quatro anos depois. Alvirrubro, ele não lembra exatamente quando fez a primeira tatuagem relacionada ao América, muito menos quantas homenagens ao clube ele ajudou a realizar. Perdeu as contas, mas arrisca "em torno de umas 50". No estúdio, localizado na zona Sul de Natal, uma cor não pode faltar.

AMÉRICA 100 ANOS - Ruy Pinheiro - Tatuador americano  (Foto: Alexandre Filho/GloboEsporte.com)Ruy Pinheiro já tatuou muitos americanos, mas ainda não tem no próprio corpo (Foto: Alexandre Filho/GloboEsporte.com)


- Tinta vermelha não falta! Dessa eu tenho de sobra e em vários tons - brinca.

Apesar de ser tatuador, Ruy considera ter poucas tatuagens e revela que ainda não tem uma do América no corpo, mas conta que já cogitou a possibilidade de fazer. 
TEM ATÉ DESCONTO PARA OS AMERICANOS

Mas para animar os torcedores alvirrubros a marcarem para sempre o amor pelo clube na pele, ele explica que as tatuagens com o tema do América-RN e clientes que sejam sócios torcedores do clube ganham desconto para demonstrar o amor pelo clube dessa forma tão especial.

- Eu fiz uma parceria com o clube de vantagens do Sócio Dragão, que é um recurso a mais para atrair novos adeptos e também porque eu quero fazer uma coleção de tatuagens do América. Eu quero ter um álbum inteiro só de tatuagens do América. Eu ofereço desconto para quem quer fazer tatuagem do América e uma porcentagem de desconto para quem é sócio-torcedor de carteirinha - conta.

AMÉRICA 100 ANOS - Ruy Pinheiro - Tatuador americano  (Foto: Alexandre Filho/GloboEsporte.com)Americano, Ruy Pinheiro se tornou o "tatuador oficial" da torcida alvirrubra (Foto: Alexandre Filho/GloboEsporte.com)
Mas uma pergunta não podia faltar para Ruy: faz tatuagem em abecedista também? Ruy responde que sim, que não tem nada contra nenhum rival alvinegro e que não existe nada que o impeça de tatuar. Porém, não tatua nada relacionado ao ABC, muito menos o escudo. Ele explica que tem um sócio que se encarrega dessa função.

- Sabendo da paixão que eu tenho pelo meu clube e da rivalidade que existe entre os dois, seria muito desconfortável para mim e para o cliente também. Então, para que fique algo neutro, o estúdio tem uma outra pessoa que faz as tatuagens do ABC - explicou.

"Rato de arquibancada", como ele mesmo se define, Ruy está presente sempre que pode nos muitos jogos do América no ano. "Sócio praticante", ele diz que vai aos estádios desde os 10 anos de idade, onde encontra muitos amigos. O tatuador afirma que pretende passar para o filho o amor pelo América e o hábito de ir ao estádio torcer.

- Gosto muito de futebol, só torço pelo América, não tenho outro time, então é natural eu ser frequentador. Desde criança sou torcedor e repasso isso para o meu filho também, e espero que ele leve isso para frente, pois, diferente do que muitos pensam, estádio é um lugar de família também. A violência, que ainda existe, fica do lado de fora do estádio - finalizou.

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