RN: ANÁLISE POLÍTICA POR NEY LOPES

Do editor

Aproxima-se 7 de abril – data final para as filiações partidárias – e começa a definir-se o quadro eleitoral do Rio Grande do Norte, em relação às candidaturas ao governo do Estado.

Os nomes mais prováveis são Robinson Faria (reeleição), Carlos Eduardo Alves (analisa pesquisa para definir-se), Fabio Dantas, Fátima Bezerra, Clarissa Linhares, Paulo Campos e Geraldo Melo.

Nesse contexto, a dúvida é se a campanha polarizará em torno de temas nacionais, ou de oposição ao governo estadual.

Diante do quadro de “agonia” econômica, política e social em que se encontra o Estado, o que de melhor poderia ocorrer seria uma campanha polarizada em torno de propostas, ideias, debate de alternativas e soluções futuras.

COMPLICAÇÕES COM CANDIDATO A PRESIDENTE

Dependendo de quem suba nos palanques armados com um candidato à Presidente da República, a situação poderá complicar-se no RN.

Confirmando que a política muda como “a meteorologia”, o candidato Fábio Dantas dormiu com o seu novo partido o PSB apoiando os seus “aliados” tucanos locais, em torno do nome de Geraldo Alckmin.

Acordou com os socialistas rompidos com o governador paulista e já falando em apoiar Ciro Gomes, que é o preferido de Carlos Eduardo Alves, seu provável opositor na disputa pelo governo do RN.

Um nó para ser desatado.

Sem dúvida configura-se situação delicada para o candidato Fábio Dantas, cujo maior peso dos seus apoios eleitorais, até agora, vem do PSDB estadual, que anuncia prefeitos e lideranças sob seu comando.

Fábio ingressará no PSB no próximo dia 17.

Esse partido, reunido ontem na cidade de SP, deu sinais, por expressiva maioria dos seus membros, que se “descola” da candidatura tucana de Alckmin à presidência e a opção será alguém do campo de esquerda, alinhado programaticamente com os socialistas.

Houve sugestões de que o apoio do PSB à Presidente seja dado ao ex-governador Ciro Gomes (PDT).

O foco do PSB é consolidar-se como um partido médio e para isso teria que ter candidato à Presidente com identidade ideológica.

Todos concordam que o PSDB não preenche esse requisito e a possibilidade de apoio à Alckmin passou a ser “zero” resumiu o deputado Bebeto Galvão (BA).

O PSB admite apoiar, além de Ciro, o ex-ministro Joaquim Barbosa, o senador Álvaro Dias ou o ex-comunista Aldo Rebelo.

PODERÁ REPETIR-SE 1960

Supondo-se que Carlos Eduardo e Fábio Dantas sejam candidatos ao governo estadual surge uma possibilidade de ambos apoiarem o mesmo candidato à presidente, no caso o ex-governador Ciro Gomes.

Isso ocorrerá, se o PSB optar pelo nome do cearense para Presidente da República.

Essa constrangedora circunstância eleitoral ocorreu em nosso estado, na eleição presidencial de 1960, quando o candidato Aluízio Alves (ex-UDN), embora apoiado pelo PSD (partido liderado pelo então deputado Theodorico Bezerra) subiu em palanque pró Jânio Quadros, que era do Partido Trabalhista Nacional (PTN) coligado com a UDN (partido do opositor de Aluízio à época, deputado Djalma Marinho).

Tais fatos poderão repetir-se em 2018, levando o candidato Fábio Dantas a apoiar Ciro Gomes aliado do seu opositor Carlos Eduardo.

Outra alternativa para Fábio seria procurar não “nacionalizar” a campanha e como acompanha de perto a crise estadual conduzir o seu palanque para o debate de propostas e alternativas, que possam salvar o Estado do caos, em que está mergulhado.

Com tal atitude, os seus aliados “tucanos” ficariam à vontade para o proselitismo em prol de Geraldo Alckmin, cuja candidatura a essa altura passa a ser improvável, diante do esvaziamento progressivo a que está sendo submetida.

FÁTIMA QUER RADICALIZAR

O maior obstáculo ao debate propositivo será certamente a candidatura Fátima Bezerra, a quem interessa “radicalizar e nacionalizar” o pleito para colocar o seu líder, ex-presidente Lula, como vítima no processo eleitoral.

O governador Robinson Faria adotará uma postura defensiva, diante da forte oposição que sofre no Estado.

No palanque oficial (PSD), até agora, não há sequer indícios de quem seja o provável candidato a presidente da república.

A opção nacional de Carlos Eduardo apoiando Ciro Gomes, que é do seu partido (PDT) caracterizará uma “saia justa” para os seus prováveis candidatos ao Senado – Garibaldi Alves e José Agripino -, cujos partidos – PMDB e DEM – não se afinam com o discurso agressivo do presidenciável Ciro Gomes.

Todo esse contexto nacional e estadual somente ficará mais claro, a partir da data decisiva de 7 abril, quando os “times” estarão escalados e “em campo”.

Aguardemos!

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