MG: FUNCIONÁRIOS DA VALE FORAM PRESOS
Por Robson Pires, em
Oito
funcionários da Vale foram presos, na manhã desta sexta-feira (15), em
investigação sobre o rompimento da barragem de Brumadinho, na Grande
Belo Horizonte. A operação ocorre em Minas Gerais, em São Paulo e no Rio
de Janeiro. Segundo o Ministério Público, a ação visa “apurar
responsabilidade criminal pelo rompimento de barragens existentes na
Mina Córrego do Feijão, mantida pela empresa Vale, na cidade de
Brumadinho.”
Os oito presos
são funcionários da mineradora, de acordo com o MP, sendo quatro
gerentes (dois deles, executivos) e quatro integrantes de áreas
técnicas.
Os detidos são:
Alexandre de Paula Campanha
Artur Bastos Ribeiro
Cristina Heloíza da Silva Malheiros
Felipe Figueiredo Rocha
Hélio Márcio Lopes da Cerqueira
Joaquim Pedro de Toledo
Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo
Renzo Albieri Guimarães Carvalho
Um dos alvos da
operação, Campanha foi apontado por um engenheiro da TÜV SÜD, empresa
que atestava a segurança de barragens da Vale, como funcionário da
mineradora responsável por pressionar para que o laudo atestasse a
estabilidade da barragem que se rompeu em Brumadinho.
Campanha foi
preso em casa, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A declaração foi
dada à polícia pelo engenheiro Makoto Namba, da TÜV SÜD, que afirmou ter
sido pressionado por Campanha a assinar o laudo. Namba disse à PF ter
respondido que a empresa assinaria o laudo se a Vale adotasse as
recomendações indicadas na revisão periódica de junho de 2018, mas
assinou o documento.
Ainda segundo
Namba, que chegou a ser preso com outro funcionário da empresa e três da
Vale em 29 de janeiro, “apesar de ter dado esta resposta para Alexandre
Campanha, o declarante sentiu a frase proferida pelo mesmo e descrita
neste termo como uma maneira de pressionar o declarante e a TÜV SÜD a
assinar a declaração de condição de estabilidade sob o risco de perderem
o contrato”.
O G1 procurou a
Vale que, até a última atualização desta reportagem, não tinha se
posicionado. O rompimento da barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão, em
Brumadinho, matou centenas de pessoas no dia 25 de janeiro. Até a
quinta-feira (14), 166 mortes estavam confirmadas e 147 pessoas estavam
desaparecidas. As buscas continuam na área atingida pela lama.
Leia a nota do Ministério Público na íntegra:
“O Ministério Público do Estado de
Minas Gerais, com apoio das Polícias Civil e Militar, deflagrou operação
na manhã desta sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019, com o objetivo de
cumprir mandados de busca e apreensão e mandados de prisão temporária,
visando apurar responsabilidade criminal pelo rompimento de barragens
existentes na Mina Córrego do Feijão, mantida pela empresa VALE, na
cidade de Brumadinho.
O pedido
formulado pelo Ministério Público Estadual foi feito por intermédio da
Promotoria de Justiça da Comarca de Brumadinho, da Coordenadoria
Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos Rios
das Velhas e Paraopeba, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao
Crime Organizado GAECO e do Grupo Especial de Promotores de Justiça de
Defesa do Patrimônio Público – GEPP, no âmbito de força-tarefa. A
operação contou com o apoio das Polícias Militar e Civil do Estado de
Minas Gerais e, ainda, com atuação dos Ministérios Públicos dos Estados
do Rio de Janeiro e São Paulo, por meio dos GAECOs daqueles estados, e
teve como propósito o cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão e
de oito mandados de prisão temporária expedidos pelo Juízo da Comarca de
Brumadinho.
Os oito
investigados presos são funcionários da VALE, dentre eles, quatro
gerentes (dois deles, executivos) e quatro integrantes das respectivas
equipes técnicas. Todos são diretamente envolvidos na segurança e
estabilidade da Barragem 1, rompida no dia 25/01/2019. As prisões
temporárias foram decretadas pelo prazo de 30 dias, tendo em vista
fundadas razões de autoria ou participação dos investigados na prática
de centenas de crimes de homicídio qualificado, considerados hediondo.
Todos os presos serão ouvidos pelo Ministério Público Estadual, em Belo
Horizonte. Também são apurados crimes ambientais e de falsidade
ideológica.
Foram,
ainda, alvos de busca e apreensão, em São Paulo e Belo Horizonte, 4
funcionários (um diretor, um gerente e dois integrantes do corpo
técnico) da empresa alemã TÜV SÜD, a qual prestou serviços para a VALE,
referentes à estabilidade da barragem rompida. Também foi cumprido
mandado de busca e apreensão na sede da empresa VALE, no Rio de Janeiro.
Os documentos e provas apreendidos serão encaminhados ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais para análise.”
As medidas estão amparadas em elementos concretos colhidos até o momento nas investigações.”
Por TV Globo e Carlos Amaral, G1 Minas — Belo Horizonte
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