PARECER TÉCNICO APONTA PREJUÍZO MILIONÁRIO E PEDE RESCISÃO IMEDIATA DE CONTRATO ENTRE ABC E INCORPORADORA
Um parecer técnico elaborado por membros da Câmara de Patrimônio do Conselho Deliberativo do ABC Futebol Clube concluiu que o contrato firmado entre o clube e a empresa Mirantes Empreendimentos Imobiliários é prejudicial ao patrimônio do clube e deve ser imediatamente rescindido. O documento, assinado pelos conselheiros Renato Gomes Netto e Wilson Luiz Cardoso, foi enviado à presidência do Conselho no último dia 27 de junho.
O acordo em questão trata da intenção de venda de 37 mil m² do terreno pertencente ao ABC, localizado no bairro de Ponta Negra, zona Sul de Natal. A área foi avaliada pela incorporadora em R$ 700 por metro quadrado, o que totaliza cerca de R$ 25,9 milhões. No entanto, o parecer técnico aponta que esse valor está subdimensionado e que o terreno poderia alcançar até R$ 103,6 milhões, com base em estudos de mercado e no novo Plano Diretor da capital potiguar.
Além do valor considerado muito abaixo do mercado, os conselheiros alertam para impactos operacionais severos. A área negociada inclui parte do estacionamento que dá suporte ao funcionamento do Estádio Frasqueirão, além dos campos e alojamentos usados pelas categorias de base do clube. A possível venda, portanto, colocaria em risco o uso do estádio e comprometeria seriamente o trabalho de formação de novos atletas.
Outro ponto crítico destacado no parecer é a previsão de construção de uma rua de acesso “controlado” que cortaria os 9,3 hectares do terreno do clube ao meio. Segundo especialistas consultados, isso poderia desvalorizar a propriedade em até 30%. O contrato também prevê a cessão gratuita de uma área de 500 m² para que a Mirantes instale um stand de vendas pelo período de até cinco anos.
Ainda segundo o parecer, a diretoria do ABC já teria recebido R$ 1 milhão como sinal do negócio, valor classificado como uma “demonstração de interesse”. Desse montante, R$ 100 mil foram repassados a escritórios de advocacia não identificados, a título de comissão.
O relatório também aponta graves falhas de governança. O contrato não foi submetido à avaliação do Conselho Deliberativo e tampouco ao juízo responsável pela recuperação judicial do clube, o que contraria princípios de transparência e responsabilidade institucional.
Diante das irregularidades e dos potenciais prejuízos, os conselheiros pedem a rescisão imediata do contrato e de seu aditivo. Segundo o parecer, o acordo é “claramente danoso aos interesses patrimoniais e econômicos do Clube, sendo temerário o seu prosseguimento”.
Blog do Gustavo Negreiros
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