ANÁLISE POLÍTICA POR DIÓGENES DANTAS
O grande fato do evento do PMDB na última sexta-feira (28), marcado para lançar Henrique Eduardo Alves para o governo, foi uma coisa que não aconteceu: o lançamento de Wilma de Faria (PSB) para o Senado, como foi amplamente divulgado antes do encontro.
Eu fui procurar saber o porquê do "não acontecimento". Me deparei com a seguinte explicação dada por setores da Rede no PSB de Dona Wilma e do governador Eduardo Campos (PE):
A vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, foi forçada pela direção nacional da legenda a adiar o anúncio formal de sua pré-candidatura ao Senado. Marina Silva, pré-candidata a vice na chapa do presidenciável Eduardo Campos, não aceita a aliança da ex-governadora com o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB), informou um dirigente nacional da Rede Sustentabilidade, grupo da ex-senadora do Acre.
"Henrique Alves representa o que há de pior na política brasileira e isso vai de encontro ao discurso da nova política que Eduardo Campos e Marina estão apresentando ao Brasil neste momento", declarou o assessor de Marina Silva.
Segundo o dirigente da Rede, se a aliança de Wilma fosse com Garibaldi Alves Filho a resistência seria menor. "Henrique Alves é da turma do Eduardo Cunha, a figura que mais representa o atraso e os vícios da política nacional", complementou. Por coincidência, Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara dos Deputados, foi o único representante da cúpula nacional peemedebista que marcou presença no ato que lançou o nome de Henrique ao governo, sexta-feira no Hotel Praiamar.
Além da resistência de Marina, Wilma de Faria enfrenta o mau humor de Eduardo Campos em relação ao quadro eleitoral do Rio Grande do Norte. Na última quinta-feira (27), em Recife, o governador pernambucano demonstrou seu desagrado por não ter sido informado de cada passo das negociações com o PMDB potiguar. "Ele ficou chateado porque gostaria de ter sido avisado antes de qualquer decisão. Ele recebeu um prato feito", comentou o político do PSB/Rede.
Anteontem, antes do encontro do PMDB, Wilma comunicou a Henrique as dificuldades que vem enfrentando na executiva do PSB. O deputado peemedebista considerou o adiamento um desastre e cogitou cancelar o evento marcado para o Hotel Praiamar. A conversa entre Wilma e Henrique foi tensa.
Segundo uma fonte do PMDB, o que tranquilizou o deputado foi a certeza de que Wilma de Faria deseja a aliança com o PMDB para disputar a vaga do Senado.
A estratégia de Wilma é ganhar tempo para vencer as resistências de Marina e Eduardo ao entendimento com o presidente da Câmara dos Deputados. "Wilma acredita que na hora H não haverá outra escolha e o partido terá de aceitar o que ela já decidiu", comentou um dirigente partidário que acompanhou os bastidores do encontro do PMDB.
Foi isso o que eu apurei. No mesmo sábado, o Estadão trouxe a seguinte declaração do dirigente do PSB, Carlos Siqueira, sobre a aliança de Wilma com Henrique Eduardo Alves no Rio Grande do Norte:
“Apesar da aproximação estadual com o PMDB, a aliança ainda tem de passar pela chancela da Executiva Nacional. E se isso fosse hoje, não seria aprovado”, disse.
Fechou. Wilma deseja se aliar a Henrique, disso ninguém duvida, mas enfrenta resistências na cúpula do PSB e da Rede Sustentabilidade de Marina Silva. A vice-prefeita quer ganhar tempo para desatar o nó.
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