NEY LOPES ANALISA DEBATE DA INTERTV CABUGI
O debate da noite de ontem, 25, na TV Cabugi entre os candidatos ao governo do RN teve algumas características específicas.
A candidata Fátima Bezerra (PT) mostrou-se menos tranquila, do que em vezes anteriores.
Tentou ser sarcástica com o seu opositor, mas revelou irritação, ao esboçar sorriso forçado, sempre.
Por outro lado, municipalizou o debate.
Cingiu-se a levantar questões miúdas, em relação à Prefeitura de
Natal, citando problemas de bairros da cidade, na tentativa de
desconstruir as quatro administrações do seu adversário, na capital.
Falou até em poças dágua em dias de chuva.
Percebeu-se, desde o início, que a estratégia de Fátima seria provocar e irritar Carlos Eduardo.
Já Carlos Eduardo, em nenhum momento irritou-se, diante da postura
agressiva de Fátima (todas as vezes que falava), ao chamá-lo de
“mentiroso”, “hipócrita” e “oligárquico”.
Percebeu-se, em termos de estratégia, que Fátima pouco falou em Haddad.
Certamente, temeu desgaste político-eleitoral, em razão do notório crescimento do presidenciável no RN.
Ao contrário, Carlos Eduardo apoiou-se na parceria futura dele com Bolsonaro, na administração estadual.
Fátima praticamente não usou virulência contra Bolsonaro, o que era o seu estilo costumeiro.
Os temas vinculados ao Estado, ao serem abordados, por um e outro
candidato, foram sempre entremeados de acusações à administração de
Carlos Eduardo em Natal e críticas ao apoio de Fátima à Lula, PT e a
Dilma.
Não houve novidades, em matéria de propostas dos candidatos. Isso
ocorreu pelo clima pouco cordial, em razão da linguagem agressiva e
tentativa de intimidação, como Fátima se dirigia à Carlos Eduardo.
A análise geral dos blocos do debate permite algumas conclusões.
Fátima apoiou-se, de forma incondicional e sem exceções, na tese de
que o PT foi o maior governo da história do Brasil e que Lula é um
injustiçado.
Inclusive, instada por Carlos Eduardo a fazer um “mea culpa”
sobre os desmandos do PT e dos crimes cometidos, ela se esquivou, não
admitiu erros substanciais e acentuou sempre os acertos das
administrações de Lula, Dilma e dela nos mandatos que exerceu no
Congresso.
Carlos Eduardo não teve oportunidade de abordar questões estaduais, em função das indagações municipalistas de Fátima.
Foi obrigado ao responder a mostrar resultados positivos à frente da cidade do Natal, ao longo de quatro administrações.
Se Fátima levantava fatos minúsculos ocorridos nos bairros de Natal (ela falou até em calçamento de ruas),
Carlos Eduardo além de descrever as suas conquistas administrativas,
deixou claro que não foi possível resolver todos os problemas da cidade,
mas fez o possível.
Do ponto de vista político, a abordagem por Fátima do tema oligarquia não lhe foi favorável, no balanço geral do confronto.
Ela insistiu em que Carlos Eduardo representava grupos oligárquicos
dezenas de anos no poder estadual e tentou responsabilizá-lo por todos
os atrasos do RN.
Carlos Eduardo reagiu e sua argumentação “balançou” o ânimo de
Fátima, o que foi notado na face contraída dela na TV, ao responder as
perguntas que lhe eram feitas.
Disse Carlos que estranhava Fátima citar oligarquias, quando o PT a
nível nacional aliou-se a todos os partidos e grupos oligárquicos do
país, o que resultou em operação como a Lava Jato, que levou o seu
principal líder à cadeia.
Mostrou, ainda, que no nordeste, por exemplo, o PT ainda hoje é
aliado do MDB e a partidos chamados oligárquicos da região, sem o que
os governadores da sigla não teriam ganho a eleição em alguns estados.
O momento mais “forte” (e não respondido por Fátima) foi
quando Carlos Eduardo citou os apoios que ela recebeu no Estado, de
“envolvidos” em seis operações policiais e criminais, por acusações de
desmandos na Assembleia Legislativa do RN e outras áreas.
Além do envolvimento em práticas ilícitas, Carlos Eduardo mostrou que
esses novos correligionários petistas pertenciam a grupos políticos,
que também poderiam ser considerados oligárquicos.
Fátima preservou os “seus novos aliados” e limitou-se a dizer que tudo aconteceu com transparência.
Não convenceu.
Outro ponto político foi o apoio à Fátima no segundo turno do
governador Robinson Faria. Carlos Eduardo mostrou que todos os
ex-aliados do governador passaram a apoiá-la.
Ela deixou a resposta no ar e não disse sim, nem não. Preferiu sair
do tema e acusar o presidente Temer, quando Carlos Eduardo lembrou que
Temer era criação de Lula, Dilma e o PT e não do seu partido o PDT.
Por fim, quando abordada a questão da segurança pública,
que mais inquieta a população, Fátima limitou-se a acusar as
administrações passadas do Estado e Carlos Eduardo mostrou-se seguro e
otimista, de que contará com o apoio do Presidente Bolsonaro para
enfrentar esse problema, como prioridade total.
No balanço geral do debate da TV Cabugi, se nenhum dos dois
candidatos perdeu votos, com certeza quem mais deixou de ganhar foi
Fátima Bezerra.
Ela corre o risco até de ter perdido, sobretudo pelo fato do temor do
eleitorado, de que ela sem ter ao seu lado o futuro Presidente da
República Bolsonaro levará o RN para o aprofundamento da crise e do
fosso, em que já se encontra.
Agora, só as urnas darão o veredicto final.
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