PAI DE POPÓ PORCINO FALA DETALHES SOBRE SEQUESTRO
César Santos - Jornal de Fato
O empresário Porcino Júnior, pai do jovem Porcino Segundo, o "Popó" - libertado na última terça-feira (24) pela polícia de um sequestro que já durava 37 dias - contou todos os detalhes do sequestro, da luta pela volta do filho, do diálogo com os sequestradores, do valor pedido pela quadrilha, do amor da família e dos amigos, e da certeza de que a sua vida vai mudar a partir de agora. "Vou viver mais, viajar com meu filho, com minha família. Trabalhar menos. A vida é o bem mais precioso que temos", disse, emocionado. Abaixo, os principais trechos da entrevista:
O SEQUESTRO
"Popó pela primeira vez correu a vaquejada numa madrugada. Ele estava indo para o caminhão quando foi abordado. Estava com um funcionário nosso. Eles colocaram Popó e o funcionário num carro e disseram: "vocês já sabem do que se trata." Popó respondeu que sim. Depois, soltou o nosso funcionário e seguiu com Popó. Daí, eles rodaram muito, com Popó que estava com os olhos vendados. Trocaram de casas muitas vezes, fizeram Popó pular muro, como forma de desviar o destino. Meu filho ficou 37 dias acorrentado, tomou apenas dois banhos, teve o cabelo cortado e se alimentou muito pouco. Ele sofreu muito."
NOTÍCIA
"Eu estava em Veneza (nordeste da Itália) quando recebi a ligação da minha família. Foi um desespero. Viajei imediatamente de volta para o Brasil. Cheguei em 24 horas. Daquele dia para cá fiquei aqui em Natal e decidi que só retornaria para Mossoró com o meu filho Popó. Fiz esse pacto com Deus. Minha mulher (Rosane Caminha) ajudou muito, meu irmão Fábio foi meu companheiro, esteve ao meu lado o tempo todo, não saiu de perto de mim um só instante. Entregamos as nossas empresas a Deus, esquecemos esse lado, porque a única coisa que interessava era a volta de Popó. Eu dizia todo dia: tanto faz ter ou não empresa, eu quero é meu filho de volta."
CONTATOS
"Eles me ligaram catorze ou quinze dias depois de levarem Popó. Foi um verdadeiro massacre, porque passamos duas semanas sem saber de nada. Antes disso houve muito trote, muita gente tentando se aproveitar da situação para obter alguma coisa. Então, no primeiro contato eu pedi para falar com meu filho e eles não deixaram. Eu disse que só negociava alguma coisa se falasse com Popó, para ter a certeza que ele estava vivo, mas eles não me atenderam. Foi um sofrimento muito grande, um verdadeiro massacre a mim, a minha família e aos nossos amigos."
VALORES PEDIDOS
"Eles começaram pedindo dois milhões de reais. Eu disse que não tinha esse dinheiro. Eles pressionaram, mas continuei dizendo que não tinha, não tinha, não tinha. Daí, eles começaram a baixar o pedido para R$ 800 mil, R$ 700 mil, R$ 300 mil e, por último, aceitavam receber até 170 mil reais. Essa negociação se estendeu não foi tanto pelo dinheiro, mas sim porque eu queria ter a certeza que Popó estava vivo e eles não me davam qualquer prova para eu me acalmar. Eu dizia que só negociaria com a certeza que meu estava vivo e eles se negavam a fazer o que eu pedia."
A PRESSÃO PSICOLÓGICA
"Essa é a parte mais cruel. Os sequestradores ameaçavam toda hora. Diziam que mandaria os pedaços do meu filho se eu não atendesse o pedido que eles fizeram. Diziam que mandariam um pedaço da orelha, o pedaço do dedo. E depois diziam que só iriam me ligar de novo 60 dias depois. Eu pedia uma prova de que meu filho estava vivo e eles não me atendiam. Eu gritava: eu quero meu filho, deixe eu falar com meu filho pelo amor de Deus... mas eles não atendiam."
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