A partir do descobrimento, no dia 16 de julho, do corpo de uma menina de 11 anos, a Polícia Civil puxou o fio de um novelo que remontava a crimes cometidos desde o começo da década passada. E como condutor deste fio esteve, segundo as informações da polícia, o caseiro Carlos Alexandre de Andrade. O homem de 38 anos seria o responsável por três homicídios e quatro estupros, cometidos entre 2003 e 2015.
Os casos repetem as características da aproximação do suposto criminoso com as vítimas e, no caso dos homicídios, a violência sexual, morte por asfixia mecânica e o encontro dos corpos em uma área de dunas que compreende menos de 1 km², nas proximidades da estrada para a praia de Jenipabu, em Extremoz.
Nessas condições Carlos Alexandre passou a ser tratado pelos investigadores do caso como um serial killer. A ocorrência de assassinos em série e ditos “maníacos sexuais” – como agora aponta a polícia para Carlos Andrade – tem registros marcantes na história do Rio Grande do Norte. Confira alguns deles abaixo:
Massacre dos Barreiros
Até hoje, o massacre cometido por Genildo Ferreira de França, o “Neguinho de Zé Ferreira”, é a maior série de homicídios de que se tem registro na história do Rio Grande do Norte. Entre a noite do dia 21 e amanhã do dia 22 de maio de 1997, Neguinho assassinou 14 pessoas na comunidade de Santo Antônio dos Barreiros, em São Gonçalo do Amarante. Após cometer todos os homicídios a tiros de revólver e pistola, o ex-militar foi morto em confronto com policiais. O início da história, segundo relatos da época e os depoimentos registrados no documentário “Sangue do Barro” (2009), se dá com a morte do filho de Genildo. Ao mesmo tempo, Ferreira passou a ser apontado por várias pessoas da comunidade como homossexual. Os comentários, que teriam sido disseminados inicialmente por sua ex-esposa após a separação do casal, deixavam o ex-soldado do Exército revoltado.
O homem passou então a arquitetar vingança contra aqueles a que considerava seus inimigos. Chegou a fazer uma lista com mais de 15 nomes de pessoas que seriam mortas. 13 das 14 pessoas mortas tinham relação direta com o assassino. O acesso de fúria dele levou à morte antigos colegas e até ex-companheira e ex-sogros.
Apenas um motorista que cruzou com Genildo durante sua vendeta não conhecia o ex-militar. A série de mortes chegou a ser destaque em jornais do Brasil e até de outros países. Genildo Neguinho também chega a figurar em algumas listas como um dos maiores serial killers do mundo.
Trio Ternura
Falar em Paulo Nicácio da Silva, Vlademir Alex Mendes de Oliveira e Ivanaldo Félix da Silva não deve suscitar muitas lembranças. No entanto falar em Paulo Queixada, Demir e Naldinho do Mereto ainda traz muitas lembranças ruins para os potiguares. O grupo, que ficou conhecido como “Trio Ternura”, representava o que havia de pior na criminalidade do RN. Eles eram a face do presídio João Chaves, que no período em que os três estiveram lá passou a receber a alcunha de “Caldeirão do Diabo”.
Ainda antes de entrarem no local de onde não sairiam vivos, os três já eram conhecidos dentro da chamada crônica policial. Paulo Queixada era o mais famoso anteriormente à formação do Trio Ternura. Criado na Cidade da Esperança, Paulo passou a integrar nos anos 1980 um grupo de assaltantes e, segundo relatos da época, homicidas. Ele teria um prazer em matar moradores de rua à facadas.
A quadrilha terminou presa pela morte de um médico e uma enfermeira, em 1983, nas imediações do campus da UFRN e tocou fogo nos corpos. Já dentro do “Caldeirão do Diabo”, Queixada ganhou o status de líder da cadeira. A condição foi ganha com a morte de 13 detentos ao longo dos anos.
A liderança era dividida com Demir e Naldinho do Mereto, que retirava os olhos das vítimas para que elas não pudessem “reconhecer ele no inferno”. A lenda reza que o grupo teria até feito pactos demoníacos.
O pacto do trio acabou no dia em que Demir esquartejou Paulo, chegando a retirar suas vísceras para “facilitar o trabalho do Itep”, e enterrou no chão da cela. A justificativa: Queixada reclamou de dor no fígado, local onde tinha levado uma facada anos antes do próprio Demir, que entendeu a queixa como provocação.
Com a morte de Paulo Queixada, o líder da cadeia passa a ser Demir. Alegando proteção, Demir também matou Naldinho do Mereto pouco tempo depois. A história se encerra com a morte de Demir, assassinado por um preso identificado apenas como “Chocolate”.
Maníaco da bicicleta
Tudo começou em outubro de 1998. Um homem passa a rondar a Zona Norte da capital potiguar cometendo estupros contra crianças e adolescentes. Várias meninas são atraídas pelo homem que prometia bichos de pelúcia da Parmalat, uma febre entre as crianças da época, e são violentadas.
A população inteira fica amedrontada. O caso, que adentra pelo ano de 1999, logo ganha atenção e o homem é apelidado de “Maníaco da Bicicleta”. Então na noite do dia 19 de abril daquele ano, Misael Pereira da Silva é flagrado saindo de um matagal na estrada para a praia de Jenipabu, onde tinha acabado de estuprar uma criança.
Entregue à polícia, o estuprador confessa ter violentado 13 meninas e assassinado outras duas. Em um dos casos a menina, que tinha oito anos, foi abusada e morta por estrangulamento. A outra menina assassinada tinha dez anos à época.
Ele trabalhava justamente na fábrica da Parmalat, de onde tirava os bichos de pelúcia com que atraía suas vítimas.Misael, que até hoje está preso cumprindo uma pena de mais de 100 anos, contou que sentia prazer em cometer os crimes, nos quais além de estuprar ainda agredia as vítimas de várias maneiras.
Novo Jornal – http://www.novojornal.jor.br/noticias/cidades/relembre-historia-dos-assassinos-em-serie-que-marcaram-a-cidade#sthash.18QaZRat.dpuf
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