O CAMINHO DO "CENTRÃO" PÓS ELEIÇÃO

Bruno Broghossian

Os movimentos da quinzena final de campanha dão uma certeza a esta eleição imprevisível: o centrão já ganhou. No dia 1º de janeiro, parlamentares do bloco estarão no plenário da Câmara para aplaudir o presidente empossado. Por ora, tudo indica que esse cidadão não será Geraldo Alckmin, candidato apoiado pelo grupo. Os sorrisos dos deputados estarão largos mesmo assim.

O desempenho fraco do tucano ao longo de toda a disputa precipitou as deserções e os flertes públicos de muitos políticos de sua chapa com Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Alckmin foi confrontado com articulações constrangedoras, feitas à luz do dia, por alguns de seus aliados com os adversários.

Dirigentes do centrão passaram a discutir internamente o caminho que deverão seguir no segundo turno entre o PT e o PSL. O formato gelatinoso do bloco, sem orientação ideológica clara, permite que as siglas se alinhem a qualquer um dos lados.

Os petistas, embora traídos no impeachment de Dilma Rousseff, sabem que precisarão de musculatura no Congresso. O partido mostrou, em seus 13 anos no poder, que topa seguir a tabela de preços do presidencialismo de coalizão.

Boa parte do centrão, no entanto, quer mesmo apoiar Bolsonaro, o político que promete não formar um governo político. Ressalvada a proposta absurda de sua equipe para impor obediência obrigatória às bancadas, o candidato do PSL também sabe que precisará construir uma maioria no Congresso. Os deputados já começam a treinar o sorriso.

Alguns eleitores de Bolsonaro acreditam que há uma maquinação internacional contra o candidato. Alegam nas redes sociais que o Itamaraty mentiu no telegrama, revelado pelos repórteres Marina Dias e Rubens Valente, que reproduz um relato de ameaça de morte feito por uma ex-mulher do deputado. O papel está lá, mas esses apoiadores insistem em usar teias de conspiração fajutas como rede de segurança.

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