EXPEDIDO MANDADO DE PRISÃO CONTRA EX-PRESIDENTE EVO MORALES
Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP
O ministro do Governo da Bolívia, Arturo Murillo, anunciou nesta
quarta-feira que o Ministério Público emitiu um mandado de prisão contra
o ex-presidente Evo Morales, refugiado na Argentina, por supostos
crimes de sedição, terrorismo e financiamento ao terrorismo. Morales foi
intimidado a responder e prestar depoimento pessoalmente sobre o
chamado caso FIS na capital boliviana. O ex-presidente está na Argentina
há uma semana.
No sábado, a presidente interina, Jeanine Áñez, já havia anunciado a
ordem de prisão, sem dar mais detalhes. Segundo ela, Morales “nunca
respeitou nada, nem mesmo a própria Constituição”, por isso, se ele
retornar à Bolívia “sabe que precisa dar respostas ao país, (já que) tem
contas pendentes na Justiça”.
Nesta quarta-feira, Murillo postou uma cópia do mandado no Twitter,
com a seguinte declaração: “Sr. Evo Morales, para seu conhecimento”:
O documento, assinado pelos promotores de La Paz, Jhimmy Almanza e
Richard Villaca, ordena que promotores, policiais ou funcionários
públicos “prendam e conduzam o Sr. Juan Evo Morales Ayma aos escritórios
do Ministério Público”, em La Paz.
Em novembro, o ministro pediu ao Ministério Público que iniciasse uma
investigação sobre o ex-presidente, com base em um áudio supostamente
gravado por ele. Na gravação, um homem instrui um líder cocaleiro a
fechar os acessos às cidades e interromper o abastecimento de alimentos.
“Que não entre comida nas cidades, vamos bloquear, cerco de verdade”,
diz um trecho da gravação. Para o ministro, o áudio configura um “crime
de lesa-humanidade”.
A autenticidade da gravação não foi confirmada, e políticos do
Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales, negam que seja
verdadeiro. No Twitter, o ex-presidente afirmou, à época, que as
autoridades deveriam investigar a morte de manifestantes em vez de ir
atrás dele com base em uma “prova falsa”.
Morales está na Argentina como refugiado desde a semana passada, onde
tenta finalizar os detalhes da candidatura do MAS à Presidência, após
se exilar por um mês no México.
“Estou convencido de que vamos vencer as próximas eleições. Não serei
candidato, mas tenho o direito de fazer política”, afirmou no Twitter.
Questionado sobre quem será o candidato, o ex-presidente mencionou
líderes como Adriana Salvatierra e Andrónico Rodríguez: “Estamos
debatendo. Vamos com o melhor candidato, alguém que garanta não apenas o
voto indígena, mas também o voto da classe média e da classe
empresarial”.
O Globo
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