COLUNA DE NEY LOPES

 Ney Lopes

O presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva não teve um bom começo no cenário internacional, ao discursar ontem, 16, na COP 27.

Certamente, a opinião será contestada pelos seus seguidores, que formaram, em parte, uma “claque” para aplaudi-lo, na sala onde ele falou durante o evento.

Aquela seria uma oportunidade do eleito mostrar altivez, esquecer primarismos políticos e evidenciar ao mundo que o Brasil terá uma política ambiental soberana e independente.

Assim não aconteceu.

O presidente usou a COP 27 para repetir o seu “discurso de campanha” ao afirmar que “infelizmente, desde 2019, o Brasil enfrenta um governo desastroso em todos os sentidos – no combate ao desemprego e às desigualdades, na luta contra a pobreza e a fome, no descaso com uma pandemia que matou 700 mil brasileiros, no desrespeito aos direitos humanos, na sua política externa que isolou o país do resto do mundo, e também na devastação do meio ambiente”.

O presidente eleito chegou a citar que o Brasil estava dividido pela propagação em massa de fake News e discursos de ódio, como se isto interessasse ao meio ambiente.

Um fórum internacional como a COP 27 não é local para lavar “roupa suja” da política interna dos países.

O objetivo é buscar alternativas globais que assegurem uma vida saudável no planeta.

Embora tenha se referido “an passant” às promessas de liberação de recursos pelos países ricos para ajudarem em políticas ambientais, o eleito perdeu a oportunidade de cobrar com ênfase o cumprimento desses acordos.

Esse ponto teria repercussão na execução de metas ambientais a que se propõem na Amazônia.

Entretanto, preferiu agradar as grandes potencias, cedendo em tudo que elas reivindicam, como se nada existisse de positivo na política ambiental do nosso país.

É um absurdo prometer o desmatamento “zero” na Amazônia.

Pode agradar o agronegócio americano pela redução da nossa área agricultável e aumento de mercado para eles.

O nosso Código Florestal, exemplo para o mundo, prevê 80% de preservação e 20% de exploração, que é uma medida justa.

O combate ao desmatamento ilegal deve ser feito.

Ninguém contesta isto.

Outro ponto praticamente esquecido pelo presidente eleito foi a exaltação ao nosso agronegócio, setor que é exemplo de eficiência.

Lula prometeu apoiar, porém percebe-se que ele ainda tem o sotaque de rejeição, quando chamou parte do setor de fascista e direitista e afirmou que limitaria a exportação de carne.

Próximo às eleições, no entanto, amenizou o tom.

O presidente eleito repetiu que “O mundo sente saudade do Brasil”.

Porém, a saudade do Brasil é simbolizada por gestos como de Joaquim Nabuco o nosso grande diplomata e político –defensor da libertação dos escravos ainda no Império.

Enquanto os Estados Unidos simpatizavam com a escravatura, Nabuco não cedeu, nem demonstrou ingenuidade ou subserviência ao grande país do Norte.

Apelou para negociações, que resultaram positivas.

O mesmo deve acontecer na atualidade, em matéria de meio ambiente.

Infelizmente, o discurso de Lula na CPO 27 não teve essa altivez.

Preferiu combater o seu adversário interno e concordar com as pressões externas.

Preocupante!

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