COLUNA DO JORNALISTA TÚLIO LEMOS DO JORNAL DE HOJE

Avaliações pós campanha chegam a conclusão que a derrota de Henrique Alves e João Maia é atribuída a um conjunto de fatores. Porém, há um ponto que pouco tem sido comentado: A cassação de Rosalba Ciarlini.
DESGASTE
Caso Rosalba tivesse sido candidata à reeleição, Henrique teria sido eleito governador. A justificativa para quem pensa dessa forma é que a rejeição altíssima derrotou Henrique; mas o desgaste da Rosa deixaria o marido de Laurita em melhores condições.
DECISÃO
Henrique quis vencer à sua maneira e até escolheu o adversário. Com Rosalba no páreo, Rosalba poderia ter ficado em terceiro lugar e a disputa no segundo turno seria entre o gêmeo de Ana Catarina e a mulher de Carlos Augusto. Mesmo com uma rejeição beirando os 50%, ainda seria mais leve que 90% de reprovação administrativa. Ou seja: Erraram o alvo.
ADVERSÁRIO
Henrique usou José Agripino para cassar Rosalba. O pai de Felipe sujou as mãos com a sujeira da traição a uma aliada fiel para agradar a um aliado momentâneo e conveniente, que o fez pedir votos para Wilma, a quem adjetiva com palavras impublicáveis. O que eles imaginavam ser visto somente nos gabinetes, já ganhava as ruas e a ojeriza do eleitorado ao acordão só aumentava.
RESPONSÁVEL
A derrota é órfã e ninguém pode ser responsabilizado sozinho pelo insucesso eleitoral de uma candidatura. Mas esse ponto da traição a Rosalba pode ter sido fundamental para a derrota de Henrique, já que a polarização aconteceria entre o candidato do PMDB e a governadora, com chances reais do marido de Laurita ser considerado ‘menos ruim’ do que a Rosa.
COSTURA
A campanha passou, mas é bom relembrar que a costura das alianças partidárias comandada por Henrique foi feita na base das conveniências pessoais e dos projetos individuais. Isso ficou claro para a população. Apesar de comandar a mídia, não conseguiu convencer o eleitor da nobreza da união.
DESISTÊNCIA
Wilma não deixou de ser candidata ao Governo por achar Henrique o melhor nome. Saiu da disputa para ter sua candidatura ao Senado patrocinada pelo filho de Aluízio. Achou mais cômodo e menos arriscado. Errou feio.
EM NOME DO FILHO
José Agripino traiu Rosalba não porque achava que Henrique ‘salvaria’ o Estado. Sujou as mãos em nome da reeleição do filho, Felipe Maia, que vislumbrava melhor acomodação na coligação do acordão. Acertou na vitória do filho, que também teria sido eleito na outra coligação.
EM NOME DO FILHO II
Garibaldi é primo-irmão de Henrique, mas sempre soube da resistência do eleitorado a um projeto majoritário do filho de Aluízio. Com a saída de Henrique da chapa proporcional, os olhos de Garibaldi brilharam para fazer o filho Walter Alves o federal mais votado. Evitou o risco. O próprio Gari sabia que Waltinho teria mais sucesso do que Henrique numa disputa majoritária; seria difícil, mas possível. Ao contrário de Henrique.
LIDERANÇAS
Henrique entrou na campanha como sempre imaginou: Com um adversário considerado fraco e um caminhão de lideranças à prova de derrota. Estava duplamente enganado. O candidato não era tão fraco assim e as lideranças não contavam com a liberdade do eleitor.
PASSADO
Ter um megapalanque, integrado pelas maiores e mais expressivas lideranças do Estado nem sempre é certeza de vitória. A união precisa ser assimilada pelo eleitorado como algo verdadeiro e não como um acordão de conveniências. O passado em Natal e no RN confirmam a tese.
LEMBRANÇA
Em Natal, em passado recente, Fátima Bezerra foi ungida candidata do acordão e perdeu para Micarla; Wilma venceu as duas estruturas de Fernando Freire e Fernando Bezerra com apenas três prefeitos no início da campanha. Ou seja: De uma vez por todas, está claro que o eleitor, em campanha majoritária, quer ser livre para escolher seus candidatos sem a pressão das lideranças.
PACIÊNCIA
Robinson Faria soube ter paciência para aguentar as traições, perseverança para seguir diante do desprezo de políticos e até de boa parte da mídia. Articulou o que ninguém esperava e fez a diferença na campanha: O pronunciamento do ex-presidente Lula. Bateu no acordão e se fez conhecido como opção à rejeição do adversário.
SOBERBA
Desde o início, esteve claro a soberba da campanha de Henrique em relação ao adversário. Em política, soberba é fatal, principalmente se associada à arrogância de pessoas próximas ao núcleo central do próprio candidato. Além disso, a ausência do cumprimento de compromissos também prejudicou.
FUTURO
Robinson Faria foi eleito pelo voto livre do povo, com respaldo de lideranças locais fora do poder. Ainda assiste ao filme da governadora de um só mandato. Pode e deve ser diferente. Seu contato precisa ser com o eleitor, com o apoio das lideranças; mas direto com o eleitor e com as cidades. Se acertar, estará consagrado; se errar, repete o filme desastroso da Rosa.

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