MOTORISTAS DE PALOCCI CONFIRMAM DENUNCIAS CONTRA LULA
Carlos Alberto Pocento e Claudio de Souza Gouveia, ex-motoristas do
ex-ministro Antonio Palocci, corroboraram, em depoimento, com as
declarações do delator sobre supostas entregas de dinheiro ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles narraram à Polícia Federal
‘entregas de valores’ e de caixas de whisky ao petista, era chamado por
Palocci de ‘barba’, no aeroporto de Brasília e na sede do Instituto
Lula.
Eles falaram à Polícia Federal do Paraná no dia 30 de agosto de 2018,
para prestar esclarecimentos sobre fatos investigados na Operação Lava
Jato. O depoimento se deu um mês depois de o relator no Tribunal
Regional Federal da 4ª Região, João Pedro Gebran Neto, homologar a
colaboração premiada do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos
governos petistas.
Em depoimento prestado ano passado, Palocci afirmou ter repassado ’em
oportunidades diversas’ cerca de R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 50 mil e R$
80 mil em espécie para o próprio Lula’. Palocci detalhou duas entregas
de dinheiro a Lula, uma no Terminal da Aeronáutica, em Brasília, no
valor de R$ 50 mil ‘escondidos dentro de uma caixa de celular’. A outra
entrega teria ocorrido em Congonhas. Ele contou que recorda-se que a
caminho do aeroporto ‘recebeu constantes chamadas telefônicas de Lula
cobrando a entrega’.
Segundo Palocci, os repasses a Lula teriam ocorrido em 2010. O
ex-ministro relatou uma conversa que teria tido com Marcelo Odebrecht na
qual o empresário acertou o repasse de R$ 15 milhões para o
ex-presidente depois que a empreiteira entrou no negócio de Belo Monte.
Um dos motoristas de Palocci, Claudio de Souza Gouveia, que trabalhou
para o ex-ministro desde 2002, ‘na época de transição do governo
Fernando Henrique Cardoso’, respondeu à PF ‘que foram muitos os
episódios em que o depoente conduziu Antonio Palocci Filho até a base
aérea de Brasília/DF para levar objetos, presentes, mimos a Lula’;
Ele afirma que ‘havia pressa nos deslocamentos’ e disse se ‘recordar
de caixas de Whisky, de celulares, de canetas, por exemplo’, mas que,
‘no entanto, nunca soube se as caixas continham efetivamente celulares e
garrafas de Whisky ou outros conteúdos’;
Segundo Gouveia, ‘muitos desses episódios, Palocci deixava apenas os
objetos com Lula no terminal ou no avião e, após alguns minutos, voltava
ao carro’.
O motorista ainda detalha que Palocci carregava dinheiro em seu
veículo e que ‘recebia, quando necessário, recursos para combustível,
por exemplo’
Gouvei relata ‘que Palocci também carregava recursos para gastos com
comitê da campanha, por exemplo e que em algumas poucas oportunidades
também constatou Palocci carregando quantidades elevadas de recursos’
Segundo o motorista, ’em algumas oportunidades, Palocci informava que
estava carregando documentos, ao mesmo tempo que sinalizava, quando
pronunciava a palavra “documentos”, gesto que sinalizava dinheiro, feito
com o dedão e o indicador da mesma mão’.
Já Carlos Alberto Pocente diz que ’em oportunidades diferentes em que
o depoente levou Antonio Palocci Filho e Branislav Kontic à sede do
Instituto Lula, ouviu afirmações proferidas por Palocci para Branislav
relacionadas a valores para o “barba”‘
Indagado pelos investigadores sobre quem seria o personagem
identificado por “barba”, ele ‘respondeu que, pelo contexto em que os
assuntos eram tratados, referia-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva’.
Lula tem negado as acusações de Palocci e afirma que o ex-ministro mente em delação premiada.
Estadão Conteúdo
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