MOURÃO AFIRMA QUE NÃO HÁ CHANCES DO BRASIL PARTICIPAR DE UMA EVENTUAL INTERVENÇÃO NA VENEZUELA
Presidente
em exercício do Brasil, o general Hamilton Mourão (PRTB) disse no
início da noite desta quarta-feira (23) que não há chances de o país
participar de uma eventual intervenção na Venezuela.
"O Brasil não
participa de intervenção. Não é da nossa política externa intervir nos
assuntos internos de outros países", respondeu o vice-presidente ao ser
questionado pela reportagem do UOL se o Brasil participaria de uma investida aventada indiretamente pelos Estados Unidos.
O governo brasileiro reconheceu oficialmente nesta quarta o deputado e presidente da Assembleia Nacional Juan Guaidó
como presidente interino da Venezuela, momentos depois de Guaidó se
autodeclarar líder do país. Bolsonaro já não reconhecia a legitimidade
de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela --ele tomou posse para um
novo mandato no último dia 10 em meio aos protestos da comunidade
internacional.
Primeiro país a reconhecer Guaidó, os Estados Unidos advertiram que "todas as opções" serão analisadas se o governo de Nicolás Maduro usar a força contra a oposição na Venezuela.
Questionado
sobre o que o Brasil poderia fazer em caso de prisão do presidente da
Venezuela reconhecido pelo Itamaraty, Juan Guaidó, ele disse que o país
"só pode protestar". "Não vai fazer mais nada além disso", comentou.
Mourão
relatou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que está no Fórum
Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, tomou a decisão em conjunto com
os outros mandatários de países americanos de não reconhecer o governo
de Maduro "pela questão da ilegitimidade da eleição". "Agora vamos
aguardar as consequências desse ato", completou o general.
O presidente interino declarou ainda que o governo brasileiro "não conversa" com militares venezuelanos.
"A
única ligação que existe aí é uma ligação, vamos dizer assim,
institucional entre os ministros da Defesa do Brasil e da Venezuela,
[...] por conta das relações bilaterais que havia", declarou.
Mourão
foi indagado ainda sobre o que significava na prática o apoio político e
econômico prometido em nota divulgada mais cedo pelo Ministério das
Relações Exteriores ao "processo de transição".
Segundo o general,
o político é "exatamente a decisão que foi tomada pelo presidente", e o
econômico, "no futuro, caso seja necessário, para a reconstrução do
país, o Brasil também participar".
Em relação à questão
humanitária que afeta principalmente o estado de Roraima, Mourão disse
que o governo federal está preparado para um possível aumento na entrada
de venezuelanos pela fronteira.
"Estamos preparados. Estamos
recebendo todo mundo lá. O pessoal do Exército está desdobrado lá. Nós
montamos um campo de acolhimento, com todas as normas internacional.
Outras organizações também estão participando. Então tem condições, né?
Estão entrando em torno de 400, 500 pessoas por dia. Já tive dia que
entrou 800", disse.
Dependência brasileira da energia venezuelana
Ele
foi indagado também sobre a dependência do estado do Norte do país do
fornecimento de energia pela Venezuela e disse que "o plano de
contingência são as termoelétricas que existem lá" --que teriam que ser
mais abastecidas com óleo.
Mourão, que assumiu interinamente a
Presidência no último domingo (20), acostumou-se a falar com jornalistas
que o aguardam na entrada do gabinete da Vice-Presidência, em um anexo
do Palácio do Planalto, quando chega e quando sai.
Na interação da
noite desta quarta, ele começou saudando com repórteres e perguntando
se todos estavam bem. "O que achou da decisão da Venezuela?", perguntou
um jornalista. "Eu não acho nada porque tudo o que eu acho já tem dono,
tá? Então vamos com calma aí", brincou Mourão.
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